Num fim de tarde de 2010, num cruzamento próximo da Assembléia Legislativa em São Paulo, encontrei com este senhor pedindo esmolas.
O que me chamou a atenção foi a cena daquele homem humilde, em sua cadeira de rodas com dois cãezinhos no colo, um sem raça definida e o menorzinho é um pinsher. Eles pareciam bem alimentados, limpos e cuidados.Os bichinhos mostravam satisfação em estar alí e o homem também sentia-se feliz e confiante com a companhia de seus fiéis escudeiros.
Acho que um dava força e ânimo ao outro. Por isso ele brincava com todo mundo que parava no farol.
Quando pedi a ele para posar para esta foto, ele colocou a mão na boca dos cachorros e disse: Vai! dá um sorriso pra sair bonitinho na foto. 'Que ficou engraçada...'
Este é mais um personagem anônimo de São Paulo. Imagine quantas pessoas por dia, deparam com esta cena no farol, num ponto nobre da cidade, próximo ao Parque do Ibirapuera e Jardins. Gostaria de saber o que existe por trás dessa criatura, qual a sua história, o que o deixou numa cadeira de rodas e qual a fé que o mantém sorridente e amoroso com os animais. Cena contraditória à realidade de muitos dos ricos e classe média da região que possuem de tudo e mesmo assim, não são felizes.
Boa parte das pessoas que se encontra numa condição de deficiente compreende fisicamente que está a mercê da vida.
ResponderExcluirA grande verdade que uma minoria vê é que todos sem excessão estamos.
A fé que o faz, dentro de sua adversidade, encotrar o humor e o carinho para com o seus cãezinhos talvez seja a sensação de que seu futuro é hoje. Ele não planeja, não espera outra situação, apenas vive como se não soubesse se amanhã vai estar vivo ainda e a vida que tem hoje com seus companheiros, mesmo nos parecendo cruel, é o melhor que possui agora.
Obviamente ele não deseja estar nesta situação, como nós mesmos não desejamos a nossa situação, ainda que muito melhor que a dele, muitas vezes quando olhamos para frente ou para o nosso umbigo, não enchergando o quão preciosas e importantes são as coisas mais simples que Deus nos dá. Mas quando aprendemos a olhar ao redor, como ele teve que aprender por força das circunstâncias, e enchergar estes pequenos tesouros que temos, como poder mastigar e engolir sozinhos, andar, ver, ouvir, falar, movimentar-se, enfim, o que nos é geralmente corriqueiro e automático, é mais fácil sorrir e vencer os problemas e frustrações fúteis e mesquinhas.
Estes dois amigos, mesmo não possuindo todos os recursos que nós humanos possuimos para ajudá-lo, lhe dão algo que muito pouca gente teria condições de lhe oferecer: fidelidade, apreço e lealdade, sem desejar nada em troca.
Poderia escrever um livro a esse respeito, mas uma frase resumiria a obra toda:
DEUS SABE O QUE FAZ.
Eles completam-se...e ele ambiciona menos, assim vê-se
ResponderExcluirfeliz com o pouco q recebe...
Talvez tenha aprendido com sua limitações...a sabedoria dos
desvalidos