NOSSO VLOG

sábado, 7 de junho de 2008

Lição de Vida

Hoje eu estava fazendo um trabalho de locução em porta de loja, quando observei que haviam várias motos estacionadas e próximo à elas um senhor muito idoso.
Entre um intervalo e outro ele vinha puxar conversa comigo, dizendo que já tinha sido locutor e se eu podia deixar ele dizer algumas palavras.
Expliquei a ele que infelizmente não poderia atender seu pedido (pois se ele dissesse alguma besteira, ia prejudicar o meu trabalho). Mesmo assim, ele ficou ali por perto e eu notei que se tratava de um morador de rua, embora não tivesse aquela aparência desgastada que a gente conhece.
Num outro momento, ele voltou pra falar comigo e disse:
- Eu sou um homem de sorte, porque Deus me dá tudo aquilo que eu preciso. Eu fico aqui sentado, tomando conta dessas motos e recebo alguns trocados. Já ganhei uns R$3, mas normalmente, até o final do dia, dá pra juntar uns R$15.
De repente apareceu uma cadelinha de rua e veio brincar com ele. Eu achei graça o jeito dela e ele me disse que seu nome era Bruna, que a sua mãe havia sido morta ali perto e desde então Bruna fica o tempo todo com ele, dividindo o mesmo colchão à noite.
Como sou louca por cães, conversamos rapidamente à respeito da fidelidade dos animais e o homem acrescentou:
- Outro dia, fui parar no hospital porque estava passando mal. Sem querer, ainda escorreguei e bati com a cabeça. Dias depois, quando saí de lá de dentro, a Bruna estava me esperando sentadinha e encolhidinha na porta. Quando eu vou almoçar no "Bom Prato", ela fica do lado de fora me esperando e a carne que eu não como, eu levo pra dividir com ela. À noite, vem aquele pessoal do bem que entrega marmitex pra gente e a Bruna come comigo.
Percebi, que durante o dia inteiro, enquanto eu realizava o meu trabalho, este senhor, ficou sentado junto com a Bruna, num degrau de uma loja que estava fechada, tomando conta das motos e de vez em quando, ele recebia seus trocadinhos.
Aproximadamente às 17 hs, o tempo começou a mudar e começou a escurecer. Eu já estava no fim do meu trabalho. Comecei a desmontar meu equipamento e notei que o homem havia pego um colchão de espuma em estado precário, colocou no chão, ali na calçada, bem em frente às motos que ele estava tomando conta. Pegou a Bruna no colo, colocou no colchão e com uma manta surrada, cobriu a cadela. Levantou-se, abriu os braços, e olhando para o céu falou:
- Muito obrigado meu Deus, por tudo o que o Senhor me deu e por mais um dia.
Sentou-se, tirou os sapatos, acendeu um cigarro e mostrou o jeitinho da Bruna, toda encolhidinha, com os olhinhos brilhando e carinha de gratidão.
Saí do meu trabalho revigorada e feliz, pedindo perdão a Deus, pelos momentos em que porventura esqueci de agradecer.

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